Latvija, Parte IV, Sigulda, 18-7-2005
O percurso matinal de ligação entre Riga e Sigulda foi feito de autocarro. O sono foi interrompendo a apreensão dos recortes paisagísticos mas não impediu a percepção da predominância rural e naturalista do país. Á excepção da metropolitana Riga, cidade de gigantescas proporções, a Letónia compreende pequenas cidades de verdejante implantação. De reduzida densidade populacional e desafectadas da monstruosidade urbana. Esta constatação é confirmada pelos dados demográcicos, uma vez que a capital, com 800.000 habitantes, concentra 35% da população do país. Sigulda, na região de Vidzeme, é uma das principais e emblemáticas cidades da Letónia. No entanto, com apenas 10.000 habitantes, tem a dimensão de uma pequena aldeia. Pequena mas pitoresca, com 800 anos de rica herança histórica. A norte da cidade estão alicerçados dois castelos, denominados por novo (v.d. foto supra) e velho, este em rúínas. O Parque Nacional de Gauja circunda a cidade e preenche a essência de região de Vidzeme. A exploração do parque aconselhava o aluguer de bicicletas. Assim fizemos. Embrenhamos por montes e vales, pedalando sobre as adversidades do percurso. Admiramos a caverna de Gutman e surpreendemo-nos com um tenor que, isolado, exercitava a voz no interior do bosque.
O Castelo de Turaida (v.d. foto) foi uma descoberta admirável. O parque que o envolvia estava pejado de imponentes esculturas em pedra. Os momentos de contemplação e introspecção aí vividos tão cedo não se apagarão da minha memória. Ficou vincada a constatação de que a evolução e o desenvolvimento devem, prioritariamente, proporcionar a qualidade de vida que aí experimentamos. As preocupações ecológicas devem sobrepor-se a todos os outros interesses, permitindo uma progressivo regresso evolucionista que permita um simbiótico relacionamento do homem com a natureza. Por mais óbvia que esta conclusão possa parecer, a realidade lusitana é dela bem distinta.

